quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Acalmando e clareando.


Às vezes tento colocar algum lirismo nas coisas que eu escrevo, no entanto existem situações e pessoas que merecem tão somente a realidade.

Ontem eu não chorei e, hoje também não, mesmo que a dor ainda continue sendo uma constante. Talvez não seja só a dor, seja tristeza somada à decepção.

E em minhas fugas mentais às vezes eu penso no que ficou, o que restou de tudo isso em mim.

Lembro-me de ter te conhecido há um ano e meio atrás, e sem saber de sua vida dupla me apaixonei. Soube, não porque me contou, soube por mim mesma e, depois de tudo, sou capaz de afirmar que se eu não tivesse descoberto não teria sido você que haveria me contado. Com qual intenção fez isso não sei.

Já nesse tempo pedi que se afastasse, que me deixasse em paz. Mas de tempos em tempos você me procurava. Buscava-me de todas as formas. Até o dia em que eu quis te ouvir, dar atenção ao que falava, alguém que busca outra pessoa por um ano com tanta insistência não pode ser a toa.

E o sentimento que eu pensava não existir mais, estava apenas adormecido, você o acordou. Sempre me dizendo que eu era especial, que em todo esse tempo não tinha me esquecido. Eu permanecia retraída, tinha medo de você e do que eu ainda não sabia que havia dentro de mim.

Nos vimos duas vezes, e eu tentei não dar muito ouvido para as coisas que você falava, pois eu acreditava que se eu não deixasse o que você dizia entrar na minha cabeça talvez eu conseguisse verdadeiramente conhecer você.

Mas algo em você me chamou a atenção. Toda vez que nos falávamos ou estávamos perto você queria saber o que eu sentia e se eu gostava da forma como agia comigo. Sempre achei estranha toda essa especulação, pois nunca disse nada por medo, eu não conseguia confiar.

No mês em que ficamos afastados, você se aproximou ainda mais, com atitudes e palavras, dizia que estava com saudades e me queria perto. A partir daí eu não soube mais como agir, pois não mais eram só palavras, eram atitudes também.

Pensei talvez que o que você dissesse fosse sincero, já que eu sentia coisas parecidas, e para mim pareceu fazer sentindo. Mas às vezes eu ficava confusa, pois suas palavras não condiziam com a sua realidade dupla, mas ainda sim você às dizia sempre. Pensei que sendo assim, não era justo pesar seus sentimentos com a minha balança.

Nos vimos mais uma vez, mas dessa vez  para mim dessa foi diferente, eu senti você, não eram apenas palavras ou gestos, era o que eu via e a intimidade que eu sentia. Era bom te ter ali, era bom estar ali, rir com você, abraçar e beijar você enquanto conversávamos, mas mais uma vez quis acreditar que não era assim, que não era dessa forma, pois eu não podia, eu não devia gostar de você.


Eu não sabia o que fazer, não conseguia mais separar as coisas e então pedi que não me procurasse mais, mas você não parou. Foi então que eu comecei a perceber que havia algo errado, pois eu sentia sua falta, queria te ter por perto. Ouvir sua voz acalentava todo o caos que havia dentro de mim quando você não estava por perto.


Disse então que eu estava apaixonada por você e que muitas vezes não demonstramos fragilidade por medo e, também porque quando queremos ser fortes demais perdemos um pouco da fé e a vida um pouco do seu colorido, e então você me disse que eu estava começando a conhecer você.


Mas não consegui mais me aproximar, o toque doía, os beijos não tinham mais sabor e então chorei. E soube que o que você sente por mim é amizade e algo físico, e se eu perguntasse à você se você estava apaixonado por mim a sua resposta seria não.

Muitas coisas me passam pela cabeça e eu tento esquecer, deixar para lá, mas em alguns momentos algo dói e tudo volta e o que eu mais me pergunto é o por quê?

Por que perder tanto tempo nutrindo sentimentos em alguém que sabe sentir algo diferente de você?

Por que perder tanto tempo com alguém com quem você só quer passar o tempo?

Por que especular sentimentos e atitudes para revelá-los a você?

Por que retornar depois de tanto tempo se não era para ficar?

E ao me dizer que está vendo as coisas com outros olhos depois de ler o que eu escrevo - eu digo a você - acho que fui eu quem nunca quis ver o que realmente havia em você, o que hoje se torna claro e límpido como água para mim.

Seduzir para destruir? Qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência.

Cansativo né? Pois é, eu também cansei.

AE.18/08/2011-LF

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